Foto: Grupo Âmago/2019
“Por que não remontar o amor?” é um dos motes do espetáculo “Remonta” apresentado pelo Grupo Âmago (AP).
Sob a direção de Pablo Sena, os bailarinos vão tecendo coreografias que provocam reflexões sobre a violência contra mulher e a Lgbtfobia.
O corpo como superfície dos signos “dançados”, desdobra-se em aspecto cênico e rítmico – essa é a forma de partilha do sensível que estes artistas do Grupo Âmago encontraram para estruturar a maneira pela qual a dança pode ser percebida e pensada como arte.
Em “Remonta”, a “arte dançada” ganha a forma de clamor. Um brado poético que pensa e remonta a idéia de amor. Cada gesto, cada evolução torna-se um grito das pessoas que sofrem abusos, violências sexuais e emocionais. O texto imagético pode ser sentido pelos espectadores atentos. Assim, a dança vai desenhando a maneira como a performance dos bailarinos “faz política” – as intenções que regem, os tipos de inserção social dos artistas, ou o modo como as formas artísticas e os movimentos refletem estruturas ou posições sociais relacionadas ao amor. O espetáculo é um anúncio de denuncia. Opção poética do Grupo Âmago.
Essa fusão da arte com a vida vai partilhando o sensível das vivências – os atos estéticos como configurações da experiência, que enseja novos modos de sentir e induzem novas formas da subjetividade política na dança. As relações afetivas é o eixo de reflexão do espetáculo “Remonta”.
O Grupo Âmago foi fundado no dia treze de maio de dois mil e dezoito. Constituído, inicialmente, por oito bailarinos, “Âmago” significa aquilo que está no centro de nosso ser, no nosso portal íntimo – o nosso cerne. Dessa forma, as pesquisas, os experimentos e as vivências “dançadas”, refletem tudo aquilo que cada bailarino é, o que cada um quer e o mais importante: reflete tudo o que a dança representa para o Grupo.
Por Joaquim Netto
Historiador e Crítico de Arte pela EBA/UFRJ.
(Editoração: William Araújo/AT-CNPq)