Por Alice Neri
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Há 10 anos a residência artística Tecno Barca, vem reunindo artistas amapaenses em um espaço flutuante (embarcação fluvial), para viajar pelas comunidades do Arquipélago do Bailique – um conjunto de oito ilhas no leste do estado brasileiro do Amapá, com a intenção de desenvolver experiências criativas, artísticas, e pedagógicas, nas comunidades.
Na Exposição Tecno Barca – Bailique, na Casa do Artesão Amapaense, a equipe curatorial, reuniu em uma única mostra um percurso das cinco residências – Tecno Barca I, II, III, IV e V. Apetrechos diversos resumem (ou tentam resumir) o percurso das vivências de uma década. Um potente passeio por fotografias, materiais áudio visuais, um atraente redário e oficinas conduzidas pelos monitores – motivando o visitante a experimentar as emoções vividas, através de feituras.
Na vivência educativa “Poetizando a Cultura em Imagens”, o grupo de acadêmicos do Curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá, iniciaram o percurso pelo espaço expositivo, usufruindo dos materiais áudio visuais. Primeiro, a escuta de relatos de moradores do Bailique em pequenos rádios colocados ao lado das confortáveis redes amazônicas; em seguida, a visualização dos vídeos das residências artísticas no espaço de vídeos, ao lado do redário.
Explorando o espaço da mostra, os acadêmicos-visitantes foram usufruindo da história das residências da Tecno Barca, através de: vídeo-performances e registros diversos de intervenções artísticas. Vale ressaltar, que o projeto expográfico, enfatizou o hábito ribeirinho da escuta radiofônica. Num redário com dez redes amazônicas, pequenos rádios e fones de ouvido sobre tapetes artesanais, tornaram-se um convite relaxante para os visitantes ouvirem as falas poéticas dos moradores das comunidades do Bailique.
Seguindo a orientação dos monitores, os acadêmicos foram convidados a visitar a mostra de fotografias – quinze imagens criteriosamente selecionadas pela equipe curatorial (Elias dos Anjos /Bailique; Luciana Macedo/Brasília; Joaquim Netto e Wellington Dias/Macapá). Imagens que funcionam como um dossiê poético da cultura amazônica – bailiquense. Com um recurso de QR Codes – a descrição em áudio de cada imagem, vai embalando o visitante num movimento de acolhimento que o aproxima da intimidade do lugar – como se a cada momento, no espaço expositivo, fosse um deslocamento até lá – tudo no tempo das marés.
Finalizando a vivência educativa, os acadêmicos foram chamados a participar de uma roda de conversa – tempo dedicado à construção de um emocionário das experiências vívidas na Exposição Tecno Barca Bailique. Em seguida, iniciou uma oficina com produções artística. Cada acadêmico-visitante, em uma folha de papel – tamanho A5, organizou suas emoções: alegrias, prazeres e afetos que fluíram naquela tarde educativa – muitas pinceladas, colagens e construções com sabor de arte, foram deixadas por aqueles acadêmicos-visitantes do Curso de Artes Visuais.
A viagem, no tempo das marés, continua. “Ainda não foi possível, eu poder vivenciar aquela residência corpo a corpo – sentir na pele a experiência de cada artista com suas performances, oficinas, trocas de saberes, diálogos e intervenções. Porém, na dimensão que me foi permitido viver isso, através da exposição: foi extraordinário. Espaços de reflexão, momentos de colhimento e afetividade em proporções inimagináveis; me permitindo ouvir histórias, visualizar fotografias e desbloquear memórias afetivas.” (Alice Neri)
* (Alice Neri – Concluinte do Curso de Artes Visuais (UNIFAP) – desenvolve pesquisas sobre fotografia. Monitoria Convidada na Vivência Educativa “Poetizando a Cultura em Imagens)