FELIZ DIA DAS MÃES – para os filhos que têm mãe e para os que “não têm”.

Mãe e Filho. Pablo Picasso, 1922.

Um pequeno texto para motivar pensar mais além.

Estava conversando com um amigo e falei: feliz dia das mães.

Ele respondeu: minha mãe não está mais na minha vida.

Como sou autista e TDA-H , preciso de literalidade e, algumas vezes, posso ficar confuso com algumas afirmações, cuja convicção daquele assunto já se encontra processada na minha mente.

Então perguntei: como você conseguiu retirar ela da sua vida?

Ele respondeu: morreu, há 30 anos atrás.

Eu respondi: mas, você está vivo. Então, sua mãe está super viva no seu DNA; nos seus genes que codificam as suas características hereditárias – você é um organismo vivo que possui a combinação do DNA de dois gametas – portanto sua mãe e seu pai estarão sempre vivos.Sem contar as memórias afetivas, estéticas e sociais que estão vivas, também.

Ele me olhou e falou: acho que você é doido [rsrs].

Eu respondi: então, tá! Feliz dia das Mães, seu filho sem mãe! [rsrs]

Joaquim Netto

Maio/2024

PÁSSAROS MENSAGEIROS

Joaquim Netto. Aquarela alemã sobre papel francês – formato A5. 2019 – Acervo Particular (RR/AMAPÁ)
Joaquim Netto. Aquarela alemã sobre papel francês – formato A5. 2019 – Acervo Particular (RR/AMAPÁ)

Sobre as imagens, fazem parte de uma série de 30 pássaros aquarelados que estão “voando pelo mundo” – cheios de memórias, arte e emoção.

Como no grande universo das emoções humanas, alguns pássaros foram pintados de forma mais abstrata, onde predomina os “afetos do coração”. Outros são mais realistas, onde ecoa o nosso lado racional. Contudo, todos são essa mistura delicada e sublime do sentir e agir, do afeto e ação, da razão e emoção.

A série nasceu num contexto de muito amor.

Durante 30 dias, o artista que reside e trabalha numa região equatorial, pintava um pássaro durante a noite para desejar bom dia para um amor muito especial. É importante observar que na região, alguns habitantes acreditam que pedir algo a um pássaro pode trazer sorte ou conceder a realização de um desejo. Claro, é uma lenda de um lugar colorido, iluminado, quente – onde tudo é perfumado com o aroma da Amazônia.

Após aquarelar as imagens dos “pássaros mensageiros do amor”, o artista fotografava e os enviava pelo whatsapp. Assim, durante trinta dias iluminados , lá iam os pássaros – criaturas fascinantes!

Eles iam proclamar “bons dias” com suas  variedades de cores, tamanhos, visualidades e visibilidades. A sensibilidade do artista percebeu as habilidades incríveis de voo e comunicação dos “pássaros mensageiros do amor”.

Mas, eles não poderiam ficar “engaiolados” no arquivo sombrio das gavetas e pastas – assim , o artista permitiu que voassem pelo mundo levando suas memórias de afeto e arte.

Hoje, fazem parte de acervos particulares de pessoas sensíveis que entendem o valor da arte como fragmentos da história das emoções humanas. Pará (Brasil), Amapá (Brasil), Rio de Janeiro (Brasil), São Paulo (Brasil), Paris (França) e Tóquio (Japão).

Assim, cada pássaro vai renovando e mantendo a vitalidade. Escapando da escuridão e trazendo vida.

Joaquim Netto

Historiador e Crítico de Arte

NOTA

Texto dedicado a RR/Brasil (a pedido).

VIVÊNCIA FOTOGRÁFICA -VISUALIDADE E CULTURA PHOTO POST 6

A ensaísta Susan Sontag diz que “uma foto não é apenas o resultado de um encontro entre um evento e um fotógrafo; tirar fotos é um evento em si mesmo;” visitar esses espaços é experimentar cores, sabores, aromas, temperaturas e visualidades distintas.

Buriti – Chácara Du Rona, Oiapoque – AP.
Mercado Central – Oiapoque – AP.
Chácara Du Rona, Oiapoque – AP.
Chácara Du Rona, Oiapoque – AP.
Quiosque de Frutas – Avenida Rio Branco – Oiapoque – AP.
Clevelândia – Oiapoque – AP.
Monumento Extremo Oiapoque – AP.
Residência na BR 156 – Oiapoque – AP.
Saint-Georges – Guiana Francesa.
Hortifruti – Centro – Oiapoque – AP.
Chácara Du Rona, Oiapoque – AP.

NOTA

  1. As fotos são capturas realizadas no período de 24/02 a 02/03/2024 – Oiapoque – AP e Saint-Georges (Comuna Francesa).
  2. Citação da publicação: SONTAG, SUSAN. Sobre fotografia. Rio de Janeiro, Companhia das Letras, 1977.

VIVÊNCIA FOTOGRÁFICA – VISUALIDADE E CULTURA – PHOTO POST 4

Neste Photo Post trago imagens da vida cotidiana no Oiapoque/Brasil e Saint-Georges/Comuna Francesa.

As fotos não são encenadas. Não há cumplicidade entre o fotógrafo e os fotografados. Ao olhar para estranhos, pessoas desconhecidas, procuro olhar para mim mesmo. Tento buscar neles o que esses lugares me fazem sentir.

As fotos resultantes revelam, talvez, o estado emocional e as questões pessoais que ocupavam a mente dos retratados.

Porto do Rio Oiapoque – embarque de catraia para Saint-Georges (Comuna Francesa)
Saint-Georges-de-l’Oyapock (Comuna Francesa)
Saint-Georges-de-l’Oyapock (Comuna Francesa)
Saint-Georges-de-l’Oyapock (Comuna Francesa)
Rio Oiapoque – travessia do Oiapoque/Brasil para Saint-Georges-de-l’Oyapock (Comuna Francesa).

NOTA

  1. Os registros foram realizados na Vivência Fotográfica Visualidade e Cultura – 24/02 a 02/03/2024.

VIVÊNCIA FOTOGRÁFICA – VISUALIDADE E CULTURA – PHOTO POST 3

O contexto deste Photo Post mostra a arquitetura de espaços religiosos – indícios de uma vida espiritual.

As fotografias exibem como esses templos presentes no dia a dia da cidade podem se tornar marcantes quando fotografados.

Mas, não se deve pensar que essas fotografias se dedicam unicamente a tornar visível os espaços religiosos desprovidos de um simbolismo sociocultural.

Igreja de Nossa Senhora das Graças – Av. Barão do Rio Branco – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Igreja de Nossa Senhora das Graças – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Igreja de Nossa Senhora das Graças – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Igreja de Nossa Senhora das Graças – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Igreja de Nossa Senhora das Graças – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Casa Paroquial da greja de Nossa Senhora das Graças – Oiapoque – Amapá – Brasil.
Igreja Saint-Georges-de-l’Oyapock

Nota

  1. Joaquim Netto é pesquisador na área da fotografia com equipamentos DSRL, EOS e smartphones.
  2. Vivência Fotográfica realizada no Oiapoque – AP e Guiana Francesa no período de 24/02 a 02/03/2024.

VIVÊNCIA FOTOGRÁFICA – VISUALIDADE E CULTURA – PHOTO POST 2

A Vivência Fotográfica buscou capturar o que existe a nossa volta considerando a possibilidade perene da câmera de refletir e documentar, na era da fotografia digital.

Em termos gerais, a fotografia digital remodelou radicalmente as maneiras como usamos a imagem fotográfica em nossa vida pessoal e profissional.

Margem direita do Rio Oiapoque – Amapá – Brasil.
Margem direita do Rio Oiapoque – Amapá – Brasil
Margem direita do Rio Oiapoque – Amapá – Brasil
Margem direita do Rio Oiapoque – Amapá – Brasil
Margem esquerda do Rio Oiapoque – Saint Georges – Guiana Francesa
Margem esquerda do Rio Oiapoque – Saint Georges – Guiana Francesa
Margem esquerda do Rio Oiapoque – Saint Georges – Guiana Francesa

NOTA

  1. Joaquim Netto é pesquisador na área da fotografia. Atualmente desenvolve pesquisas com câmeras DSLR, EOS e prioritariamente com as câmeras de smartphones.
  2. A Vivência Fotográfica aconteceu no período de 24/02 a 02/03/2024, no extremo norte do Brasil.

VIVÊNCIA FOTOGRÁFICA – VISUALIDADE E CULTURA – PHOTO POST 1

A vivência fotográfica “Visualidade e Cultura” foi uma imersão além do trivial disparo mecânico do obturador da câmera fotográfica.

O objetivo foi viver os espaços e fotografa-los sem se importar com o tema, nem com a sutileza da técnica artística.

Considerando o Rio Oiapoque como um divisor social e consequentemente de visualidades e culturas distintas, na margem direita encontramos o Oiapoque – município amapaense brasileiro, com suas fragilidades estruturais; do outro lado, na margem esquerda, Sanit-Georges – comuna francesa.

As imagens vão surgindo na aproximação despretensiosa com esses espaços – nem sempre prazerosas pela constatação de algumas violências contra a natureza, contudo, sempre significativas enquanto vivência que vai expondo a intimidade geográfica num diálogo sociocultural – ora emprestando a formusura urbana às fotos, ora pulsando o caos.

A vivência comprovou que o “ato fotográfico” nem sempre necessita de altos valores de produção, mas de um envolvimento.

Clevelândia do Norte – Amapá – Vivência Fotográfica – Fevereiro/Março – 2024
Guiana Francesa – Vivencia Fotográfica – Fevereiro/Março – 2024
Oiapoque – Vivencia Fotográfica – Fevereiro/Março – 2024
Oiapoque – Vivencia Fotográfica – Fevereiro/Março – 2024
Guiana Francesa – Vivencia Fotográfica -Fevereiro/Março – 2024
Porto de São Jorge – Vivência Fotográfica – Fevereiro/Março – 2024
Guiana Francesa – Vivencia Fotográfica -Fevereiro/Março – 2024

Nota

  1. As fotografias são o produto da Vivência Fotográfica realizada no Oiapoque e Guina Francesa, no período de 24/02 a 02/03/2024. A ação de imersão fotográfica envolveu fotógrafos e habitantes da região – o produto imagético são 70 imagens selecionadas.
  2. Joaquim Netto e Doutor em artes visuais, com pesquisa nas fotografias do fotógrafo Luiz Braga; com pós doutorado em visualidade e cultura nas fotografias da fotógrafa brasileira Elza Lima.

MEU CABELO – ARTISTIC PERFORMANCE

Performance Artística “Meu Cabelo” (14/03/2024) – DEPLA/UNIFAP – Foto: Joaquim Netto

A performance Meu Cabelo mostra dois jovens que, inesperadamente, sentam-se na entrada do prédio onde funcionam os Cursos de Artes Visuais, Artes Cênicas, Letras e Jornalismo na Universidade Federal do Amapá.

Sentados de costa um para o outro, têm os seus cabelos amarrados. O gesto criar uma situação de união entre as duas cabeças, contudo, emana tensão num espaço de força.

A cena confunde os olhares. A trança tecida com os cabelos daquelas cabeças, parece compelir uma energia, como num “cabo de guerra”, onde existe uma competição, um teste de força.

A performance parece se situar numa linha entre realidade e ficção (talvez, um FANFIC VISUAL).

Os dois performers, Cremerson da Rosa e João Felix, são artistas cuja existência encontra-se alicerçada num mundo de diversidades – diferenças que inclui etnia, idade, gênero, religião, orientação sexual, condições físicas e mentais, culturais, e muitas outras formas de diversidades.

O cabelo, e especificamente a forma da trança, é um símbolo recorrente em muitas performances e trabalhos artísticos na arte contemporânea. Tunga com Xifópagas Capilares Entre Nós, em 2018; Artur Barrio com 21 Petites Sculptures en Cheveux, 1974; dentre outros.

Assim, a performance Meu Cabelo parece fazer um convite para refletirmos sobre os modos como se tecem as mais diversas formas de pensar, sentir e agir dentro da sociedade. É importante perceber que um performer é neurotípico (Cremeson Rosa) e o outro neuroatípico (João felix) – ambos lutando pela sua sobrevivência, num mundo onde somos iguais, somos diferentes, somos iguais e diferentes ao mesmo tempo.

Joaquim Netto – Historiador e Crítico de Arte

NOTAS

  1. Cremerson da Rosa e João Felix são alunos do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP.
  2. A Performance “Meu Cabelo” é um experimento performático desenvolvido na disciplina Expressões em Linguagens Visuais IV (ELVIS IV), sob o acompanhamento da Profª Me. Claudete Nascimento.

 

Andanças Culturais & Emocionário Imagético

Fortaleza de São José de Macapá -1782 (Macapá/AP)

Um estudo mais vivo da história da arte “brasileira”, ou história da arte no Brasil, requer o desenvolvimento de algumas vivências, que chamo de “vivência arte-educativa” por serem eventos com acadêmicos do curso de artes visuais. Mas, poderíamos chama-las de Vivências Histórico-culturais e de muitas outras formas.

Banner com a Identidade Visual do evento. Matheus Xavier (Artes Visuais/UNIFAP)

O importante é perceber que o objetivo destas vivências é instrumentalizar uma apreensão mais efetiva da história da arte, história da cultura, história das emoções etc. de tal maneira que possamos usufruir os objetos artísticos num contexto mais próximo de nossas vidas e prazerosamente.

Casa da etnia Wayana e Aparai – Museu Sacaca – Macapá AP.

Então, optei neste momento pela ideia que a história da arte, das imagens, dos objetos, dos monumentos e dos lugares podem ser a história das emoções – em vários sentidos, inclusive da emoção pessoal do usufruidor.

A ideia de história da arte como história das emoções é sinalizada por Didi-Huberman, no seu livro “Que Emoção! Que Emoção?” – uma breve conferência em que o autor indaga a natureza das emoções humanas. As fotografias das “Andanças Culturais & Emocionário Imagético” servem como ponto de partida para os nossos estudos relacionados a “história da arte brasileira”, não propriamente para explica-las, antes para lhes dar voz, para dar ouvidos às perguntas que elas têm a nos propor.

Nas “andanças culturais”, no percurso e diante das “coisas”, muitas emoções vão brotando. Assim, é inevitável que uma “coceirinha mental” nos estimule a querer saber informações das “coisas” vivenciadas.

Isto é, a intensidade da experiência (que emoção!) deverá alimentar o esforço de reflexão (que emoção?), num movimento que alinhava conceitos da historiografia, da crítica, da filosofia da arte ocidental e de tantos outros campos de estudos, que podem contribuir para o consumo e/ou “usufruição” dos monumentos, das estátua e imagens da história da arte. Sem esquecer que vivemos atualmente um novo regime de imagens – com políticas de produção, distribuição e consumo na cena contemporânea das mídias digitais.

O nosso intuito com “Andanças Culturais & Emocionário Imagético” é iluminar e despertar as emoções. Lembrando que as emoções não têm limites. Nesta “Vivência Arte-educativa”, há, porém, uma única regra: fazer os registros fotográficos para experimenta-los num “Emocionário Imagético”.

Enfim, como a experiência parece estar dando certo, veio a ideia de publicar esse texto apontando possibilidades de pensar nossas aventuras sensoriais nesses espaços.

Joaquim Netto

Historiador e Crítico de Arte

REFERÊNCIAS

DIDI-HUBERMAN, Georges. Que emoção! Que emoção?. São Paulo: Editora 34, 2016.

HAN, Byung-Chul No enxame : perspectivas do digital / Byung-Chul Han ; tradução de Lucas Machado. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2018.

HAN, Byung-Chul Sociedade do cansaço / Byung-Chul Han ; tradução de Enio Paulo Giachini. 2ª edição ampliada – Petrópolis, RJ : Vozes, 2019.

MALRAUX, A. O museu imaginário. Lisboa: Edições 70, 2011.