Naza McFarren – um repertório pictórico “abstratizante”

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Red Macaw, Naza McFarren.

 

Ontem (24/11/2015), participei da abertura do evento “Augusto Leite (Con)Vida”, no auditório do Centro Cultural Franco Amapaense (AP). O acontecimento é uma semana internacional de vivência artística com uma programação ampla que envolve relatos de experiência, “bate-papo” com artistas e exposição de arte.

Naza McFarren (1955), artista piauiense que, atualmente, divide o seu tempo entre o Brasil e os EUA, foi o ponto alto da abertura deste evento. Ela é reconhecida no cenário das artes pelos retratos abstratos de autoridades, celebridades e as pinturas de espécies em perigo de extinção.

Do ponto de vista da prática – a artista autodidata Naza McFarren  tem uma forma de pintar que flerta com os movimentos estéticos consagrados pela história da arte moderna – entre o surrealismo e o cubismo abstrato, ela brinca com um repertório pictórico abstratizante, onde a sobreposição e a transparência são elementos recorrentes.

Jogando com as texturas, Naza constrói uma trama geométrica e colorida. As figuras humanas e animais, quase diluídas, surgem diante do olhar do espectador. Mesmo que a artista tenha tido pouco acesso aos mestres da pintura, reconhecemos em seus quadros elementos recorrentes nas obras de pintores do inicio do século XX, significativos na história da arte, como: Salvador Dali (1904-1989), Belmiro de Almeida (1858 -1935), entre outros.

A brasilidade das cores presente em suas pinturas é pronunciada a partir de uma linguagem internacional.  É, portanto, a cor que serve de instrumento para registrar sensações e nacionalidades distintas ou entrelaçadas – explorando de forma livre e espontânea as suas possibilidades cromáticas de expressão. Em 1998, a jornalista Suzane Jales publicou o livro “O Figurativo Abstrato de Naza” (Abstracted Realism by Naza).

Sua experiência internacional inclui suas vivências em Deerfield Beach (2003). Em 2005, além da pintura, a artista expande suas experiências imagéticas e passa a criar roupas e outros produtos inspirados em seus quadros. Este projeto foi inaugurado na mansão de Donald Trump em Palm Beach, com a presença de diversas celebridades.

Como diz o artista e colecionador Augusto Leite: “Naza é capaz de descompor a forma dos objetos que pinta, sejam pessoas ou animais, sem perder a essência e a individualidade de cada ser em meio a um craquelê multifacetado, multicolorido e tridimensional, fantástico!”

A Semana internacional de Vivência artística vai até o dia 29 de novembro.

Por Joaquim Netto

Historiador e Crítico de Arte

 

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