“Identidade Imazônida” – poética do afeto.

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JAMIE VANESSA. GUERREIRO XAVANTE. 2015

Nesta quinta-feira (28/01/2016), na Escola Cândido Portinari/AP, o coletivo de artistas visuais “Imazônia – Poéticas Visuais da Amazônia” abriu ao público a mostra “IDENTIDADE IMAZÔNIDA“. A exposição com aproximadamente quarenta obras de vários artistas, traz um panorama com diferenças de posições, visões, antagonismos e consequentemente diferentes identidades, mas que não se desintegram e sim se articulam a partir de “zonas de afeto”.

Macapá, capital do Estado do Amapá – cidade situada no perímetro do Rio Amazonas -, é o local onde esses artistas vivem e trabalham, cuja distância de voo para os centros hegemônicos de cultura – região sul e sudeste do Brasil -, é aproximadamente de cinco horas.

Num cenário natural, onde tudo é úmido, luminoso e quente, os habitantes do lugar convivem diariamente com o “Rio Mar”. A influência indígena subsiste na trama visual de Macapá: nos “olhos rasgados” da fisionomia do povo, na culinária e nas frutas com “sabor selvagem”.

Nesse contexto, o afeto por alguns temas, torna-se motivação para esses artistas e seus consumidores: o índio, o açaí, a ponte da periferia e a memória da cidade, na primeira metade do século 20. Mas, identificar o óbvio não é o suficiente para compreender a diversidade dessas obras.

O ribeirinho, a Fortaleza de São José, a “amassadeira de açaí”, o grafismo indígena e tantos outros “insumos culturais”, são mais do que assuntos, são arautos de uma visualidade que está antes no afeto, do que propriamente no sentido poético desses elementos.

A maior parte da produção artística está na ala visual centrada na técnica e no tema. Pinturas, desenhos, esculturas, pirogravuras e tantas outras experiências que não chegam a atingir um campo interdisciplinar e confirmam uma arte representacional.

A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” não reflete a produção artística contemporânea dos grandes centros brasileiros – é uma arte peculiar, cuja complexidade do contexto social é base dos modelos ou formas simbólicas dessa produção artística.

Dessa maneira, é necessário compreender e não simplesmente identificar a obviedade da diferença entre os trabalhos desses artistas “imazonidas” com relação aos centros, pois nesse aspecto reside um modo de recepção que pode ser a chave e o acesso às peculiaridades da vasta produção artística brasileira.

A Exposição “IDENTIDADE IMAZÔNIDA” estará aberta para visitação no período de  29/01 a 12/02/2016, na Escola Cândido Portinari – Avenida Cônego Domingos Maltez, 1976 – Santa Rita.

Por Joaquim Netto

Historiador e Crítico de Arte

 

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